segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

ansiedade

E se o vazio tomou conta, parece que a ansiedade vem, mas não gosto de pensar que estou ansiosa, ansiedade pra que se só tem vazio? Ansiedade para q algo me movimente, aquela coisa que nos surpreende, mas como se surpreender com uma coisa que já é esperado??? Então esperar sem expectativas, mas aí meu corpo é consumido e meus pensamentos flutuam no mundo, o que querer? Como buscar? Como agir? Fazer, andar, movimentar meu corpo para que os pensamentos não consumam minha alma, ter a alma presente, sim, estou aqui escrevendo e isso mostra que sim existo, penso e estou aqui não é Rosseau? Não deixar que a fumaça me engula, e sim deixar que a vida me carregue sem esperar dela surpresas ou angustias, viver positivamente... sim viver... já não é o que basta?

Previsões, antecipações, decepções


O inverno ainda não chegou e já estou aqui encapuzada, com frio, congelada. Sei que essa é uma sensação de inverno e que ele ainda não chegou, mas como posso sentir algo que ainda não chegou? Será que a espera já faz com que antecipemos os acontecimentos, os sentimentos, as sensações. Sabendo que ele vai chegar preparo tudo, lenha no canto da sala, muito leite e chocolate e um coração bem quentinho para não enrijecer as extremidades... e mesmo assim tudo o que faço nem sei se é suficiente, se cada hora é efêmera e única, como adivinhar se uma nevasca vem ou não esse ano, porque se vier uma nevasca, e ai se vier uma nevasca... mantenha a calma, acenda um fósforo e torça para que sua força derreta tudo, é preciso força... muita força andar na neve não é uma tarefa fácil!

Segredinho

Segredinho, beijoquinha, angélica e ciça... esse eram os nomes das minhas bonequinhas q eu brincava e carregava de um lado para o outro na minha infancia, qto amor elas sentem por mim? Qto amor eu sinto por elas? ... e eu lá sei o q eh amor? Eu cuidava delas, dava comidinhas invisíveis, lavava suas roupinhas, passeava com elas colocava-as para dormir... elas foram felizes com a mãezinha delas... pq será q eu agora detesto bonecas? Pq ng me avisou q brincar de boneca não eh nada parecido com a realidade. Um dia eu tive um sonho, q eu era uma boneca, eu era linda, minha pele lisa, minha boca rosada, meu vestido impecável... eu entrava de braços dados com meu pai num tapete vermelho e qdo me dei conta eu estava casando! Ufa! Foi mesmo um sonho, passou! Outro dia tive um pesadelo, eu entrava com meu pai de braços dados sobre um tapete vermelho. ACORDAAAAAAA, ACORDAAAAA, eu ouvia alguém gritando isso no meu casamento, e essa voz não calava a boca em nenhum momento, eu não calava a boca! Era eu q gritava, e ng me ouvia, ng me ajudava, o tapete vermelho era infinito, eu seguia gritando e as pessoas sorriam pra mim, nem minhas bonequinhas foram lá para me ajudar, e o fim? Lá estava uma bela fotografia minha com os meus melhores amigos, um par de óculos de grau, um busto meu com os olhos vendados e panos de prato... parabéns pelo dia do seu casamento, hoje é um dia especial!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sem título (provisório)

A lenta incosciência

Inconscientemente eles sabiam. Talvez no começo o “inconscientemente” caminhar para um fim estivesse acontecendo, mas apenas no momento em que isso tomou voz e foi dito, a consciência tratou de acelerar o processo, mais rapidamente que incoscientemente eles podiam imaginavar.

O fim já havia começado, sorrateiro, quase imperceptível, as vezes ela pensava que as coisas haviam esfriado devido ao tempo de relacionamento, a paixão avassaladora tem tempo certo de duração, depois tudo se aquieta e é preciso saber amar com lentidão e sutileza.

Ela sempre em busca de intensidade, sempre querendo sentir a paixão, se sentir drogada de tudo aquilo, como se o corpo dela fosse três vezes maior que o seu tamanho. E essa busca desesperada sim a desesperou, porque não conseguia mais sentir tudo aquilo. Eram jantares, eram tentativas de voltar aos mesmos lugares onde seu corpo dilatado passava exibindo esse estado pleno, e a plenitude aqui não é apenas estar completo, é estar sublimando qualquer sentimento humano, aqui ela não era humana, ela era o próprio sentido daquele sentimento.

As frustrações foram chegando, esses lugares que um dia tinham sido feitos parece que de doce, como brigadeiro, sorvete, bolachinhas, Milk shakes, não tinham mais esse sabor, eram lugares comuns, com pessoas comuns, e agora com um casal comum. Ela não era mais aquele ser que se achava supremo, e essa normalidade era pouco pra ela.

Ele não tinha essa necessidade, ele estava feliz com tudo aquilo que tinham, eram um casal feliz, que se amavam, que riam e se divertiam muito um com o outro, que sexo esporádico era o que se tinha, e estava de bom grado, e apesar de toda aquela euforia do inicio, ele sabia aceitar cada momento, pois acreditava ter encontrado, sei lá se existe, seu par perfeito.

A voz da consciência

Bem, na verdade é aqui que a incosciencia tomou voz, e aqui foi que apertamos a tecla forward.

Ela sentia as faltas diárias, ele sentia que ela começava a faltar, e faltou também. A falta da intensidade, a falta de carinho, a falta de companheirismo, a falta de ela esperá-lo na porta quando ele chegava do trabalho, a falta dele olhá-la como um autentico Van Gogh. O abismo físico que antes não havia naquela cama, não mais conchinhas, não mais calor, e o calor aqui não é metáfora, ela colocava mais meias, e mais roupas para dormir, o abismo tinha deixado os ventos frios do sul congelar suas costas. E assim ela passou a trabalhar mais, e ele passou a dormir mais.

E aí como não se pode faltar, veio sim as brigas, porque ainda não é nesse momento que o silencio aparece, deixemos para logo mais. Aqui é onde a mágoa já conseguiu encher um baú, daqueles bem pesados que foram sido depositados porcentagens mínimas de magoa, aqueles baús que não se consegue carregar, fica atravancando o caminho, fica repleto de recordações cheias de traça, com buracos, onde não se vê mais o que era, mas o que se tornou com a investida dos insetos. Sabe a foto de mãos dadas, a traça comeu a mãos, em outra foto comeu o olhar de um, as cartas viraram um quebra cabeça incompleto, com letras que jamais serão vistas ali novamente. O amor é um paliativo para a mágoa, pois em toda briga, em todo o insulto 0,01% de magoa tomou conta e foi depositado no baú, as mínimas porcentagens não são sentidas, e aí que um médico ou um professor de biologia poderia falar do efeito cumulativo, garimpeiros que tomam anos de água com mercúrio de repente, depois de 15 anos estão com câncer. E aí, nesse momento não há remédio.

A paisagem

Vou pular a parte dos remédios, ela aparecerá logo mais também, não posso deixar de falar do que foi se transformando além deles.

Ali logo depois, ou junto com as faltas, as coisas as vezes se misturam e é difícil dar uma ordem cronológica aos fatos, não há clareza, mas vou prosseguir. Nesse momento das faltas, veio o mofo na louça de semanas atrás, e com ele o mau cheiro, que foi infestando os dois aos poucos, aqui mais uma metáfora de como chegamos ao fim sem quase nos dar conta. “os seres humanos tem uma enorme capacidade de adaptação”, e eles já tinham dado inicio ao processo de morte lentamente, como o gás da cozinha aberto sem chama. O CO2 vai envenenando pouco a pouco e nem percebemos.

As panelas que antes trabalhavam freneticamente em jantares a dois ou com os amigos, já estavam guardadas há algum tempo. Não se ouvia mais o barulho da cebola fritando, dos talheres batendo no prato, o humm da comida deliciosa, não mais beijos no pescoço quando se cozinhava. O tempo abaixa a poeira, e os moveis ficaram todos ocres, o colorido ficou monocromático. Aqui, eu, uma mera narradora da desgraça alheia gostaria de contar sobre o colorido. Eles pensaram juntos na decoração da casa, até chegarem a cores bem coloridas, verde, laranja, vermelho, azul, porque dizem que a tristeza é cinza, ou preto e branco, uma forma de cinza também, e a alegria é colorida. Eles passaram algum tempo pensando na cor que seria o balcão americano da cozinha, visitaram lojas de tintas, compraram os materiais e pintaram eles mesmos. Tudo tinha sido feito a dois, a quatro mãos, essas mãos agora quietas.

Agora posso falar do silencio, não sei se começo um novo tópico ou se faço do silencio uma extensão da paisagem mórbida do casal. Bem, façam como quiser, eu não vou tomar partido, apenas vou relatar.

O silencio já era perceptível, mas ele calou os dois, o silêncio cala as pessoas, não se pode deixá-lo a vontade. O silêncio que antes parecia apenas um respiro, passou a ser virgula, reticências, ponto, até que perdeu o sentido. O silencio entre duas pessoas só se nota se antes havia palavras, ou qualquer outra coisa que não se note o vazio, um tipo de nada. O nada permaneceu, e o tempo passou.

Carta suicida

O tempo passou e chegou o dia em que ela já estava com as malas prontas, ela rompeu o silencio dizendo que era chegada a hora de partir. A mala apareceu para ele como uma carta suicida, e com esse tipo de carta a imobilidade. Com o conteúdo básico da despedida, dos porquês, e de consolo a frase feita mundialmente conhecida, te amo.

Ele engoliu: o choro, a raiva, os planos, a esperança, a dor e paralisou intoxicado.

Explicação cientifica: o sangue venoso já tinha se espalhado por todo o coração, 2 aurículas e um ventrículo, e através das veias foi sendo levado ao resto do corpo, chegou até os pulmões e asfixiou, chegou até os olhos e cegou, calou, vomitou e paralisou. E como um leproso de coração não havia mais sensibilidade alguma.

Agora posso falar, não há remédio.

Fim.

* O ele e o ela não eram para ser autobiográficos, o mundo as vezes precisa de ficção, autobiografia dói.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Vasculhando o álbum de pequenas revoltas diárias

- não acordei cedo mais uma vez

-perdi uma hora vendo algum programa fútil na TV

-tem café, não tem coador de café

- o telefone toca! É a net dizendo da fatura atrasada

- tirei todas as roupas do armário para decidir uma roupa, e fiquei com a primeira...

-escolhas

- não fiz o programado

-escolhas

-fila comprida do supermercado, com uma caixa lenta e burra

-querer fugir em ver alguém conhecido que não queria cumprimentar e essa pessoa me ver e ainda me parar.

-querer ligar e não ter crédito no celular

-prometer algo que naquele momento não quero cumprir

-ter preguiça

-querer trepar e não rolar

-não ter nascido cantora

-não terem inventado o botão de auto- clean da casa.

- não ter nenhum recado no facebook

- escolhas

- não saber onde deixei o guarda chuva

-...

Na porra da pausa dramática!

Parece que quando a ficha da realidade cai vem sempre uma pausa, e sim, essa é dramática. Começamos a nos defender, e depois pesando bem e vasculhando a conciencia vemos que ela está pesada, e assim essa pausa parece não ter fim. quando me percebo nela, nego cada instante, é preciso parar a pausa compreendem? E agir, para que a ação não me tire só da pausa mas também da realidade, essa daí que eu não queria ter visto.
Parece-me que esses momentos são importantes, apesar de tristes, cinzentos e solitários, perguntas depressivas e existencialistas... - ocorrem para o nosso bem! - dizem os otimistas, porque afinal "antes tarde do que nunca"! E assim acabo me contentando com as frases feitas mesmo, porque esse tipo de pergunta gera respostas muito perturbadoras se você quiser ir a fundo. E talvez profundidade demais possa te afogar...
E então... slogans...!
- Ah, sai dessa, abra uma Skol! - diria algum publicitário babaca.
- Pense positivo, tudo tem seu lado bom! - diria alguma professora de infantil.
- Há males que vem para o bem! - diria algum guru fajuto.
- Nunca estamos velhos demais para aprender! - diria alguma vovó que acabou de entrar na escola da terceira idade.

Tá. Ok.
Mas tudo isso gera ainda mais superficialidade e inércia. E essa pausa, essa longa pausa...
Sim, eu podia ter feito mais, estudado mais, lido mais, ter visto filmes a mais e mais e mais e mais... Chega dessa pausa, ela já pode parar agora, ficar muito tempo aqui é se repetir. repetir.repetir.repetir................................................................

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Conversa corriqueira de fila de supermercado 5

Fila do supermercado

mulher 1: Mercado é um absurdo, as mulheres do caixa não podem se sentar... será que elas param de pensar se sentam?
mulher 2 : Não sei, pergunte a um funcionário público...

A luz do caixa se acende e vai cada um para um caixa.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Me denomino por menina que chora, quando a coisa aqui dentro foge de controle e eu tenho vontade de correr mas não sei onde ir, as lagrimas correm por mim.
Se o que tenho agora em mim tivesse um nome seria destruição, vivi achando que era vivo, me enganei. As flores eram de plástico, não agüentaram o calor que dei, derreteu. Dessa dor escorre lagrimas, sem palavras sem pensamentos, resta meu coração, quase murcho, cortado em fatias e distribuído aos cachorros da praça.
Aqui dentro está oco, copo cheio d´agua, afogamento, desistência, meu corpo se contrai por não conseguir reagir, quero que essa água toda escoa e que não sobre nada para me afundar, lava a calçada e traga esperança limpa, não de ti, mas dos dias que virão com o esquecimento e a evaporação.