sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Chorou sem mover um músculo da face

A boca floresceu rosa

A lágrima nadou em nada

Abraços refrigerados

Manequins despidos em vitrines

Alívio

a forca

afeto afoito
afirma

afora
afilia-se
a fábula

afunda
a falha
afinco

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Vai menina
             Para Ana Larousse

Sardas palavras saiam dela

Já não havia mais espaço
para guardar canções

O violão sangrara ruivo
depois da última nota

Juntou-se a nuvem de pássaros
que voavam para o sul

E lá acalmou seus cachos inquietos
desencaracolando os sentidos

Seu peito voltou então a se debruçar
sobre o violão
um novo espaço para preencher

Tomando chá na folha em branco
a tranquilidade deixou de ser um peso




segunda-feira, 25 de novembro de 2013

desabafo.agosto.saopaulo

Estou num momento de quase sem ou sem definição de quem sou, me amo, me odeio, entro em círculos viciosos destrutivos bizarros, tomo um ar fora dele e volto... passeio pela cidade e minha cabeça reflete a imagem dos meus pensamentos, a cidade revela os meus mais confusos pensamentos, tem tudo aqui agora, meus pensamentos são todos seus, meus agora. a arquitetura da cidade é a mesma dos corpos, grandes, pequenos, arrojados, redondos, quadrados, sujos, com sol, com manchas. sento num banco de praça e fumo um cigarro, olho pra frente está tudo ai, árvores, crianças, prédios, história, estórias, qual seria a ficção de mim, e a realidade de mim? meus círculos autodestrutivos parecem vir apenas para deixar a rotina mais interessante, mas não, ela destrói a rotina, o bom que teria na rotina, e o ruim da rotina piora, corto os cabelos, faço uma viagem, converso com outras pessoas, na maioria das vezes me sinto ridícula, penso se há alguma outra forma de me expressar, ou de não enlouquecer. vontade de cosntruir um novo eu nem que seja me utilizando de uma ferrenha ficção, que enfim acreditada piamente possa se tornar uma realidade, alguém quer ouvir? posso contar que sou amarga, ou que sou muito feliz, que acredito em vidas passadas, horóscopo ou que sou agnóstica.isso se aproxima de algo que tenta ser uma realidade. não é também, mas hoje quero ser. algum estranho por favor entre nesse quarto de hotel e olhe para a minha cara, ela ta se distanciando de mim. pintar novos olhos no lugar destes que se apagaram. pedir para merecer mais, eu mereço mais, qual mais? coma minha buceta e me faça gozar, jogue ácido nas coisas e espere a nova forma vindoura.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Coreografia

- Bandeiras são coreografadas.
- Bandeiras?
- Ao vento.
- Não entendi.
- Coloque três bandeiras lado a lado e o vento. Elas vão ficar bem iguaizinhas voando.
- Mas ai não é coreografia, é só sincronia.
- É coreografia de coisa.Você pode escolher colocar juntas e um único vento e ai da-se a coreografia para elas. E
pode ser um acaso também.
- Mas não tem o atributo de um movimento descrito e reprodutível.Tem muito acaso numa construção coreográfica, mas
se o acaso é a totalidade não pode ser uma coreografia, porque coreografia é controle, é partitura de movimento.
- Só colocar em cena, ai é.
- Não necessariamente, porque o máximo que você tem é um movimento de corpos em sincronia, mas isso não é um
pressuposto coreográfico, você pode ter coreografia com ou sem sincronia, o que importa é que o movimento tem uma
partitura, independente de como um se relaciona com o outro.
- Mas se você partiturar as intervenções que promovem o movimento, ai é coreografia?
- E pedir pras bandeiras repetirem aquilo?
- Como a abertura do rá-tim-bum.
- Mas ali não é acaso, ali é física mecânica pura.
- Eu não to falando mais de acaso.
- Ali é partitura pura, baseada nas leis da física moderna.
- To falando de partiturar as intervenções.
- Sim, mas não com bandeiras ao vento.
- Tem bandeiras ao vento no rá-tim -bum.

domingo, 9 de setembro de 2012

Um sim para Joyce

Não chega bem a ser um momento pesado, algo parecido com solidão, não, não chega, solidão parece terminar com ão justamente para ser ainda mais pesado. Acho que agora a minha terminalogia seria im, sim, carmin, enfim, fim, pra mim, cai nos ouvidos como um diminutivo, é pequeno, é leve, e por mais que seja pequeno e leve tem um dorzinha, fina, aguda... não me pesa não me põe no chão para rastejar, mas incomoda, fica me sussurrando aos ouvidos que não é solidão, é estar sozinha, não é pesado mas é ruim, im de novo, e queria te dizer agora que ouvisse um sussurro que todos os dias sopro aos teus ouvidos e talvez a brisa seja tão leve que não é suficiente para as palavras chegarem ao seu ouvido.
- volta, to cansada, te quero enfim.
Foi, sem obter resposta, e mais uma vez esperei sozinha, pela sua presença, pelo seu afeto, por algum pequeno sussurro de um sim.

segunda-feira, 7 de março de 2011

acordei para falar de amor

Hoje acordei para falar de amor, ainda nao sei de que forma, nao sei se em forma de videoclipe, curto singelo e de rapida absorçao, ou em forma de longa metragem, envolvente e cheio de detalhes. Ainda tem outras formas, mas as novelas nao me interessam mais, apesar de o amor ser brega e cliche quase sempre.
Acordei para o amor, alguem acredita nisso ainda? Fantasiar faz parte, e apesar de estar bem sozinha e ter meus momentos de pequenos detalhes eu e eu, compartilhar detalhes é bacana, compartilhar aquela sensação que pega aos poucos, sabe o sol na pele, no inicio nao se sente nada, mas o calor vai aumentando, vai queimando, queimando até se nao houver medida ter um ensolação, jah fiquei febril de amor uma vez, passar mal, passar da conta, nao ter medida, e queimar... sem arrependimentos é claro, depois de uns dias passa, e ai vai sendo assim, um pouquinho, uma queimadinha, uma cor diferente... gosto do sol!
Talvez isso tudo deveria ser relatado em um documentário, um documentário sobre amor feito por um grande amigo meu, outra pessoa que sabe do amor, mas vive-lo parece impossivel... para algumas pessoas é assim, injustiça né, gostar tanto de sentir o amor mas ser impossivel de vive-lo, falar dele como ninguem mas ter a ausencia dele... talvez por isso se saiba falar do amor, a ausencia incomoda, e é precciso botar pra fora, mesmo sabendo que apenas falar nao vai fazer viver, mas alivia, ah alivia sim, porque aqui dentro da minha cabeça o filminho acontece, e essa migalha era o que precisava para naquele momento nao ter uma pane, como a pane que acontece no corpo quando falta glicose... eh, eu já sofri disso e sei do que to falando, não, não to dizendo da hipoglicemia, to falando de amor ainda...
E o que mais... nao vou falar de amor para quem eu gostaria de falar sobre o amor, porque se você nao quiser ouvir vou passar dias entocada tentando entender o porque com você nao deu certo... e esse entocamento já me doeu muitas e muitas vezes, algumas sensações quando sentidas não se quer viver novamente, é quase um pânico, e já tentei entender, e jah tentei entender mais do amor, e agora me falta o que dizer, porque agora você ta na minha memoria se apagando aos poucos, e daqui a pouco vc vai estar ali no armarinho guardado, sabe, deixou de ser o brinquedo favorito que fica fora do armario, ta ali, mas nao é visto e acaba sendo esquecido.
Nao sei finalizar essa minha fala, porque nao existe fim para se falar do amor, mas, é isso, acordei para falar de amor, pronto, falei um pouquinho. Um sorriso, uma lágrima e meu peito um pouco mais vazio.