terça-feira, 1 de outubro de 2013

Coreografia

- Bandeiras são coreografadas.
- Bandeiras?
- Ao vento.
- Não entendi.
- Coloque três bandeiras lado a lado e o vento. Elas vão ficar bem iguaizinhas voando.
- Mas ai não é coreografia, é só sincronia.
- É coreografia de coisa.Você pode escolher colocar juntas e um único vento e ai da-se a coreografia para elas. E
pode ser um acaso também.
- Mas não tem o atributo de um movimento descrito e reprodutível.Tem muito acaso numa construção coreográfica, mas
se o acaso é a totalidade não pode ser uma coreografia, porque coreografia é controle, é partitura de movimento.
- Só colocar em cena, ai é.
- Não necessariamente, porque o máximo que você tem é um movimento de corpos em sincronia, mas isso não é um
pressuposto coreográfico, você pode ter coreografia com ou sem sincronia, o que importa é que o movimento tem uma
partitura, independente de como um se relaciona com o outro.
- Mas se você partiturar as intervenções que promovem o movimento, ai é coreografia?
- E pedir pras bandeiras repetirem aquilo?
- Como a abertura do rá-tim-bum.
- Mas ali não é acaso, ali é física mecânica pura.
- Eu não to falando mais de acaso.
- Ali é partitura pura, baseada nas leis da física moderna.
- To falando de partiturar as intervenções.
- Sim, mas não com bandeiras ao vento.
- Tem bandeiras ao vento no rá-tim -bum.

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